30 de julho de 2010

Ubuntu, seu Aptitude e o Google Chrome

Bom noite caros leitores. Estou com ódio no meu coraçãozinho. Mais  uma vez a comunidade Ubuntu e a Google me decepcionaram.

Fui atualizar a máquina da minha mãe a qual utiliza um Ubuntu Karmic (9.10), até aí blz. aptitude update e blá, blá blá!



E tenho como resposta o seguinte log:


Os NOVOS pacotes a seguir serão instalados:
  firefox-branding{a}
Os pacotes a seguir serão atualizados:
  firefox firefox-3.5 firefox-3.5-branding firefox-3.5-gnome-support firefox-gnome-support google-chrome-stable
  language-pack-gnome-pt language-pack-gnome-pt-base language-pack-pt language-pack-pt-base libfreetype6 python-gtkhtml2
  ubufox yelp



Agora.. vamos aos comentários. Vocês viram Google Chrome stable? Cara pra que que eu quero Chrome? Eu pedi alguém pra instalar isso? A comunidade Ubuntu simplesmente adicionou aos seus repositórios o Chrome e não dá a ninguém a liberdade de escolher ou não. 

Na realidade, depois eu reparei que aquele não era a instalação do Chrome porque o mesmo já havia sido instalado. Ou seja, eu atualizo a máquinas para atualizações de segurança e etc, e o Chrome é instalado sem eu perceber e o suporte a ele também.

Com isso a comunidade ubuntu está influenciando o usuário a usar Chrome. Na realidade ela obriga o usuário a instalar o chrome para ter outros updates também. Cadê a Filosofia Open Source?


Com certeza o Ubuntu está deixando de ser um GNU/Linux com todas as coisas magníficas do GNU/Linux. Está fazendo isto, talvez para entrar no mercado, porém acho que é um preço muito caro se transformar em Microsoft para entrar no Mercado. Se a Apple com toda a sua crise não se rebaixou a tanto, por que nós, do Software Livre, precisamos fazer isto para crescer, sendo que o Software Livre está crescendo cada vez mais?
Outra observação: O Google chrome poderia estar em algum repositório que o usuário não seja forçado a baixar como atualização. Está virando Microsoft? Lembrando que eu executei: aptitude update && aptitude safe-upgrade.  Não foi full-upgrade.

Será que o chrome deveria estar no safe? Acho que não.



Resolução do problema? Desinstalei o aptitude, porque toda hora ele fica apitando para eu atualizar e instalar o google chrome (como eu disse ótimo jeito de deixar o usuário escolher sim ou não - aparecer uma janela toda hora com "Sim" ou "Não". Sendo que os usuários clicam sempre "sim" sem ler. E se colocaram "não" na primeira, vão colocar "sim" na segunda porque enche o saco janela de update.



Sou das antigas graças aos meus eternos chefes Rodrigo Casita e Francisco Jen Ou. Eu ainda sou muito mais a favor da escolha pela navegador pelo próprio usuário, e a cima de tudo da liberdade em geral. Por que será que eu gosto de Debian e Gentoo? Simplesmente porque eles não seguem tendências; Eles focam à estabilidade do sistema além da sua segurança.

23 de julho de 2010

Bela Mozilla! Que venha o Firefox 4

Isso é uma novidade decente. Muito show de bola! Gostei muito. Só não gostei porque perdemos a barra de ferramentas lá de cima só porque todo mundo gostou do visual clean do Chrome.


Vejam O Poderoso:




An Introduction to Firefox's Tab Candy from Aza Raskin on Vimeo.

Mais uma da Google - Cazzo!

O Google anunciou ontem que pretende diminuir o período entre uma atualização e outra de seu navegador, o Chrome.

De acordo com a empresa, as atualizações devem ser divulgadas agora com um intervalo de seis semanas – metade do tempo gasto atualmente pelo Google para ofertar uma nova versão do produto.

“Os números das versões começarão a se mover um pouco mais rápido agora (6.0, 7.0, 8.0, 9.0). Por favor, não dê muita importância à mudança desses números. Nós apenas estamos nos movendo em ciclos, e trabalhando para oferecer produtos novos aos usuários”, disse a empresa em comunicado.



Blz Google. O mal do Ubuntu agora também é da Google. Por que será que ninguém entende que é um saco ficar atualizando..e atualizando....

O importante é o software ser bom, estável. Não é importante que ele seja lançado com novidades a cada hora, porque o que torna um navegador bom é a funcionalidade dele.

Novidades são boas, claro. Mas, novidades a cada segundo são um lixo! O usuário fica louco. Se eu fico louco, imagina o usuário final que vai baixar o Google Chrome versão 124 ano que vem, sendo que ano passado era Google Chrome 2.0.


Declarado: Do Ubuntu mais nada.
Declarado: Da Google apenas o buscador e este blog.


Hub, Switch e Router - Qual usar?

Muita gente sabe que hub, switch e roteador  são nomes dados a equipamentos que possibilitam a conexão de computadores em redes. Porém, dessas pessoas, muitas não sabem exatamente a diferença entre esses dispositivos. Este artigo explicará o que cada equipamento faz e indicará quando usar cada um.


  • Hub

O hub é um dispositivo que tem a função de interligar os computadores de uma rede local. Sua forma de trabalho é a mais simples se comparado ao switch e ao roteador: o hub recebe dados vindos de um computador e os transmite às outras máquinas. No momento em que isso ocorre, nenhum outro computador consegue enviar sinal. Sua liberação acontece após o sinal anterior ter sido completamente distribuído.

Em um hub é possível ter várias portas, ou seja, entradas para conectar o cabo de rede de cada computador. Geralmente, há aparelhos com 8, 16, 24 e 32 portas. A quantidade varia de acordo com o modelo e o fabricante do equipamento.

Caso o cabo de uma máquina seja desconectado ou apresente algum defeito, a rede não deixa de funcionar, pois é o hub que a "sustenta". Também é possível adicionar um outro hub ao já existente. Por exemplo, nos casos em que um hub tem 8 portas e outro com igual quantidade de entradas foi adquirido para a mesma rede.

Hubs são adequados para redes pequenas e/ou domésticas. Havendo poucos computadores é muito pouco provável que surja algum problema de desempenho.


  • Switch

O switch é um aparelho muito semelhante ao hub, mas tem uma grande diferença: os dados vindos do computador de origem somente são repassados ao computador de destino. Isso porque os switchs criam uma espécie de canal de comunicação exclusiva entre a origem e o destino. Dessa forma, a rede não fica "presa" a um único computador no envio de informações. Isso aumenta o desempenho da rede já que a comunicação está sempre disponível, exceto quando dois ou mais computadores tentam enviar dados simultaneamente à mesma máquina. Essa característica também diminui a ocorrência de erros (colisões de pacotes, por exemplo).

Assim como no hub, é possível ter várias portas em um switch e a quantidade varia da mesma forma.

O hub está cada vez mais em desuso. Isso porque existe um dispositivo chamado "hub switch" que possui preço parecido com o de um hub convencional. Trata-se de um tipo de switch econômico, geralmente usado para redes com até 24 computadores. Para redes maiores mas que não necessitam de um roteador, os switchs são mais indicados.




  • Roteadores

O roteador (ou router) é um equipamento utilizado em redes de maior porte. Ele é mais "inteligente" que o switch, pois além de poder fazer a mesma função deste, também tem a capacidade de escolher a melhor rota que um determinado pacote de dados deve seguir para chegar em seu destino. É como se a rede fosse uma cidade grande e o roteador escolhesse os caminhos mais curtos e menos congestionados. Daí o nome de roteador.

Existem basicamente dois tipos de roteadores:

Estáticos: este tipo é mais barato e é focado em escolher sempre o menor caminho para os dados, sem considerar se aquele caminho tem ou não congestionamento;

Dinâmicos: este é mais sofisticado (e conseqüentemente mais caro) e considera se há ou não congestionamento na rede. Ele trabalha para fazer o caminho mais rápido, mesmo que seja o caminho mais longo. De nada adianta utilizar o menor caminho se esse estiver congestionado. Muitos dos roteadores dinâmicos são capazes de fazer compressão de dados para elevar a taxa de transferência.

Os roteadores são capazes de interligar várias redes e geralmente trabalham em conjunto com hubs e switchs. Ainda, podem ser dotados de recursos extras, como firewall, por exemplo.



Concluindo...


Mesmo para quem quer montar um rede pequena, conectando, por exemplo, três computadores, o uso de "hubs switch" se mostra cada vez mais viável. Isso porque o preço desses equipamentos estão praticamente equivalentes aos dos hubs. Ainda, se você for compartilhar internet em banda larga, um hub switch pode proporcionar maior estabilidade às conexões.

Uma dica importante: ao procurar hubs, switchs ou até mesmo roteadores, dê preferência a equipamentos de marcas conhecidas. Isso pode evitar transtornos no futuro.

A utilização de roteadores é voltada a redes de empresas (redes corporativas). Além de serem mais caros (se bem que é possível até mesmo usar um PC com duas placas de rede como roteador), tais dispositivos também são mais complexos de serem manipulados e só devem ser aplicados se há muitos computadores na rede. No entanto, muitos usuários de acesso à internet por ADSL conseguem usar seus modems (se esses equipamentos tiverem esse recurso) como roteador e assim, compartilham a conexão da internet com todos os computadores do local, sem que, para tanto, seja necessário deixar o computador principal ligado. Basta deixar o modem/roteador ativado.

9 de julho de 2010

Interfaces e os nameservers

Vim dividir aqui uma dica simples, mas bem legal. Imagina que vc tem um dhcp que fica mudando de DNS sempre. E isso te enche o saco.


Você pode alterar o seu interfaces assim:


# The loopback network interface
auto lo
iface lo inet loopback

# The primary network interface
auto eth0
iface eth0 inet static
        address 192.168.0.70
        netmask 255.255.255.0
        network 192.168.0.0
        broadcast 192.168.0.255
        gateway 192.168.0.53
        dns-nameservers 192.168.0.53
        dns-search sabinol.com.br

auto eth1
iface eth1 inet dhcp

# up route add -net 0 gw 192.168.150.1 dev eth0

----------------------------------- FIM do Interfaces ---------------------------------------------------

Se for PPP, então você tem que ir em /etc/ppp/peers/, procurar em todos os arquivos a opção usepeerdns e ajustar um ip.


Se for dhclient, então... Você terá que ir no conf do seu dhclient (/etc/dhcp/dhclient.conf) e inserir o seguinte:
 prepend domain-name-servers 4.4.4.4 4.4.2.2

O Mestre Richard Stallman e suas palavras

“Por favor, não chame o GNU de Linux”, pede o americano Richard Stallman, fundador da Free Software Foundation, que alerta para a iminente guerra jurídica contra a Microsoft e pergunta ao leitor: "De que lado você está?"

Em 1983 ele deslanchou o movimento do software livre no mundo, com a criação da Free Software Foundation. Hoje, Richard Stallman pede: “Por favor, não chame o GNU de Linux”.

Nessa entrevista exclusiva, Stallman, que estará em Foz do Iguaçu em 14 de novembro para um evento sobre software livre, alerta para a iminente guerra jurídica contra a Microsoft e pergunta ao leitor: "De que lado você está?"


Computerworld - Você lançou o Projeto GNU em setembro de 1983, para criar um sistema operacional livre similar ao Unix, e têm se dedicado a ele desde então. Por que decidiu iniciá-lo? Naquela época já estava claro que o software estava se tornando proprietário?
Richard Stallman - Em 1983, todos os sistemas operacionais eram proprietários, não eram software livre. Era impossível comprar um computador e usá-lo livremente. O software proprietário mantém os usuários divididos e desamparados, ao proibir-lhes de compartilhá-lo e negando-lhes o código fonte para alterá-lo. O único meio que eu tinha para usar computadores com liberdade era desenvolver um outro sistema operacional e torná-lo um software livre. Anunciei o plano em setembro de 1983 e comecei a desenvolver em janeiro de 1984 o sistema GNU (de GNU’s not Unix! ou GNU não é Unix!). [Para quem não sabe, o gnu é a maior espécie de antílope da África, daí o símbolo do movimento.]

Em 3 de fevereiro de 1976, Bill Gates escreveu sua famosa “Carta aberta aos hobistas”, onde alertava que o software, até então gratuito, deveria ser pago assim como o hardware. Você conhecia esse manifesto? Que impressão tinha dele?Nunca tinha ouvido falar dele naquela época. Eu não era um hobista, eu era um desenvolvedor de sistemas empregado no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT. Tinha pouco interesse nos microcomputadores de 16 bits, porque o PDP-10 (da DEC - Digital Equipment Corp.) do laboratório, com uma memória equivalente a 2,5 megabytes, era muito mais divertido.

Não sei como eu teria reagido na época se tivesse visto aquele memorando. A minha experiência no AI Lab tinha me ensinado a apreciar o espírito do compartilhamento e do software livre, mas ainda não tinha chegado à conclusão de que o software não-livre (proprietário) era uma injustiça. Em 1976, eu não utilizava nenhum software não-livre. Foi apenas em 1977, quando o Emacs (editor de texto usado por programadores cuja primeira versão foi escrita por Stallman) foi transferido para o sistema de compartilhamento de tempo não-livre “Twenex” (o sistema operacional TOPS-20 da DEC), que comecei a sentir a indecência do sistema proprietário. Depois disso, precisei de algum tempo para reconhecer isso como uma questão ética e política.

O que você acha da propriedade intelectual?Eu tenho muito cuidado em não usar este termo confuso nos meus pensamentos, porque ele não se refere a uma coisa coerente, apesar de erroneamente aparentá-lo. O termo agrupa indiscriminadamente leis que tratam de temas totalmente diferentes, como se eles fossem a mesma coisa.

O direito autoral existe, e eu tenho opiniões sobre a lei de copyright. As patentes também existem, mas a lei de patentes é quase totalmente diferente da lei de copyright. Minhas opiniões sobre a lei de patentes são também completamente diferentes das minhas opiniões sobre a lei de copyright. A lei de marcas também existe, e ela não tem nada em comum com a lei de copyright ou a lei de patentes. Se quiser pensar com clareza sobre qualquer destas leis, o primeiro passo é insistir com firmeza em tratá-las como três assuntos diferentes.

Se você fala alguma coisa sobre “propriedade intelectual”, está tentando generalizar sobre três leis que são completamente diferentes. Qualquer coisa que diga será uma supergeneralização tola, porque o termo leva a isso. Eu decidi evitar esta armadilha ao jamais usar este termo. Veja http://www.gnu.org/philosophy/not-ipr.html para mais explicações.

O que é mais importante para você, a grande base de desenvolvedores do GNU ou a sua enorme base de usuários?Eu aprecio a ambas, mas nenhuma delas é o que mais importa. Nós não desenvolvemos o GNU apenas para obter um triunfo técnico ou só pelo sucesso. Nosso objetivo era ganhar liberdade, para nós próprios e para você.

O que é importante sobre o GNU é que ele fornece um meio para usar computadores com liberdade. Mas esta conquista é precária. Existem centenas de distribuições GNU/Linux, e quase todas elas incluem algum software não-livre. Em 1992, o GNU/Linux tornou possível pela primeira vez usar um PC e manter-se livre. Em 2000, ironicamente, cada versão do GNU/Linux incluía software não-livre e assim convidava os usuários a render suas liberdades ao instalá-los. Hoje, fico feliz em dizer, as distribuições Ututo e o gNewSense são 100% software livre. Com eles você não pode errar, a menos que saia por aí atrás de programas não-livres.

Depois de tantos anos, você enxerga a luz no fim do túnel, o momento em que o software livre irá reconquistar o seu lugar original, ao dominar os servidores durante a próxima década?Os operadores de servidores deveriam ter liberdade, é claro, mas os computadores que mais afetam diretamente a liberdade dos usuários são os computadores onde eles teclam. Estes são os computadores onde a adoção do software livre é mais importante.

Com sistemas operacionais proprietários cada vez mais projetados para restringir e controlar o usuário, com a Gestão Digital de Restrições (DRM - Digital Restrictions Management), seus usuários são subjugados mais ainda agora do que antes. Se você não quer correntes na sua mão e no seu pé, a sua única escapatória é mudar para o sistema operacional livre.

As pessoas usam termos como Software Livre (Free Software) e Código Aberto (ou Fonte Aberta, Open Source) como se fossem a mesma coisa. Isso procede?Em termos de idéias, software livre e fonte aberta são totalmente diferentes. Software livre é um movimento político; fonte aberta é um modelo de desenvolvimento. O movimento de software livre concerne valores éticos e sociais. Nossa meta é ganhar, para os usuários de computador, a liberdade de cooperar e controlar a sua própria computação. Portanto, o usuário deveria ter estas quatro liberdades essenciais para cada programa que se use:

0. Rodar o programa como se queira.
1. Estudar o código fonte e alterá-lo de como que o programa faça o que se queira.
2. Redistribuir cópias exatas quando se desejar, tanto doando quanto vendendo.
3. Distribuir cópias das suas versões modificadas quando se desejar.

O termo “fonte aberta” foi cunhado em 1998 por pessoas que não queriam dizer “livre” ou “liberdade”. Eles associaram o seu termo com uma filosofia que cita apenas valores de conveniência prática. Os apoiadores do código aberto (entre os quais eu não me conto) promovem um “modelo de desenvolvimento” no qual os usuários participam do desenvolvimento, afirmando que isto torna o software “melhor” – e quando eles dizem “melhor”, querem dizê-lo apenas num sentido técnico.

Ao usar o termo deste modo, implicitamente dizem que só o que importa é a conveniência prática – não a sua liberdade. Eu não digo que estejam errados, mas eles perderam o foco. Se você negligencia os valores da liberdade e da solidariedade social, e aprecia apenas o software poderoso e confiável, está cometendo um erro terrível.

O mesmo acontece com o Linux, cujo código foi liberado em 1991. O público costuma usar o nome Linux como sinônimo para o GNU, assim como o Windows se tornou sinônimo de sistema operacional para o PC, não é verdade?Não estou certo sobre o que você quer dizer quando escreve “o mesmo”. Windows é o nome oficial (não apenas um sinônimo) para um sistema operacional proprietário subjugador do usuário desenvolvido pela Microsoft. Linux, entretanto, não é um sistema operacional, mas apenas uma parte de um deles.

Linux é um kernel: o componente de um sistema operacional que aloca os recursos da máquina para os programas que você usa. Ele foi liberado em 1991 como um software não-livre: sua licença não permitia a distribuição comercial. Em 1984 eu lancei o desenvolvimento do sistema operacional GNU, cujo objetivo era ser um software livre, e assim permitir aos usuários rodar computadores e ter liberdade. Em 1992, o sistema GNU estava completo exceto pelo kernel (o nosso próprio projeto de kernel começou em 1990 e andava a passo lento).

Em fevereiro de 1992, Linus Torvalds alterou a licença do Linux, tornando-o um software livre. O kernel Linux preencheu uma grande lacuna no GNU.

A combinação GNU/Linux foi o primeiro sistema operacional livre que podia ser rodado num PC. O sistema começou como GNU com a adição do Linux. Por isso, por favor, não o chame de “Linux”. Quando se faz isso, não se dá nenhum crédito ao principal desenvolvedor. Por favor, chame-o de “GNU/Linux” e nos dê igual menção.

A Free Software Foundation liberou recentemente a 3a versão da licença geral pública do GNU (GPLv3). Quais são as mudanças que os usuários podem esperar ao adotá-la?
Publicamos o texto final oficial do GPL versão 3 em junho, e muitos programas têm sido liberados sob esta licença desde então. O objetivo básico da GNU GLP na versão 3 é o mesmo que sempre foi: defender a liberdade de todos os usuários. As mudanças são nos detalhes. Para informações sobre estes detalhes, veja http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/gplv3-novidades.pt.html.

Quando entrevistei Linus Torvalds há um mês, ele me disse que “a 2ª versão do GPL é uma licença superior”, mas que existem “algo como 50 licenças diferentes de fonte aberta, sendo a GPLv3 só outra delas”. O Linus colaborou com você no desenvolvimento do software livre?O fato de Torvalds dizer “fonte aberta” no lugar de “software livre” revela de onde ele vem. Eu escrevi o GNU GPL para defender a liberdade de todos os usuários de todas as versões de um programa. Desenvolvi a versão 3 para fazer um trabalho melhor e proteger contra novas ameaças. Torvalds diz que rejeita esta meta, provavelmente porque ele não aprecia o GPLv3. Eu respeito o direito dele de expressar os seus pontos de vista, mesmo achando que eles são tolos. Entretanto, se você não quer perder sua liberdade, é melhor não segui-lo.

A Microsoft declarou recentemente que programas livres como o Linux, o OpenOffice e alguns softwares de e-mail violam 235 das suas patentes (veja a revista Fortune, “Microsoft contra o mundo livre”). Mas a empresa afirmou que não irá processá-los, pelo menos por enquanto... Esta é a ponta do iceberg de um novo pesadelo legal?As patentes de software – naqueles países tolos o bastante para autorizá-las – são um pesadelo legal para todos os desenvolvedores de software. Cerca de metade de todas as patentes em qualquer indústria pertence às megacorporações, o que lhes permite estrangular a tecnologia. Em países que permitem patentes de software, o mesmo ocorre com o software.

Em 5 de julho, a Microsoft publicou o seguinte anúncio: “Enquanto alguns reivindicam que a distribuição de certificados pela Microsoft para os serviços de suporte da Novell, graças à nossa colaboração interoperacional com a Novell, constitui a aceitação da licença GPLv3, nós não acreditamos que tais reivindicações têm base legal, contratual, de propriedade intelectual ou sob qualquer outra lei”. Eles estão se preparando para uma batalha?A Microsoft está tentando negar que o seu contrato com a Novell significa o que ele diz. Isto mostra que nossos esforços no GPLv3 contra a Microsoft estão funcionando. Seu uso do termo “propriedade intelectual” é parte da propaganda. Visa desencorajar-nos a focar na lei específica, a lei de patentes, que eles vêm tentando usar para proibir o software livre. Por exemplo, eles não querem que os brasileiros pensem o seguinte: “Se a Microsoft quer usar patentes de software para obter um monopólio sobre o software de sistemas operacionais imposto ao governo, por que o Brasil deveria dar-lhes a chance de fazê-lo? O Brasil não deveria autorizar as patentes de software”.

Você acredita que a comunidade de software livre pode vencer essa guerra contra as legiões de Bill Gates?Ninguém sabe quem irá vencer essa luta, porque o resultado depende de você e dos leitores. Vocês irão lutar pela liberdade? Vocês irão rejeitar o Windows e o MacOS e outros softwares não-livres, e mudar para o GNU/Linux? Ou vocês serão preguiçosos demais para resistir?

Alguns analistas afirmam que este tipo de acordo entre a Microsoft e a Novell é positivo para os consumidores e também pode popularizar o software livre. Isto porque os consumidores terão mais suporte dos fornecedores em termos de interoperabilidade e poderão rodar seus aplicativos de forma melhor. Você concorda com estes argumentos?Ele é como o argumento que diz que fumar tabaco é bom para a sua saúde porque irá ajudá-lo a perder peso. Não sei se a reivindicação deles sobre popularidade é verdadeira num sentido estrito, mas tenho certeza de que ela foge da questão. Pouco importa quão popular o GNU/Linux se torne, se ele falhar em dar liberdade. O alvo da Microsoft no acordo com a Novell foi amedrontar as pessoas em usar o GNU/Linux sem pagar a Microsoft pela permissão. Foi por isso que eu escrevi o GPLv3 para virá-lo contra ela.

Quanto à interoperabilidade, tudo o que precisamos para conquistar uma interoperabilidade completa é que os desenvolvedores de software proprietário parem de obstruí-la. Com o software livre, os usuários estão no controle. Na maioria das vezes, os usuários querem a interoperabilidade, e quando o software é livre, eles têm o que querem. Com software não-livre, o desenvolvedor controla os usuários. O desenvolvedor permite a interoperabilidade quando esta lhes convém. O que os usuários querem vai além deste ponto.

A Microsoft tem freqüentemente imposto a não-interoperabilidade. Agora, por exemplo, ela promove o “padrão” patenteado fraudulento Office OpenXML no lugar de dar suporte ao Open Document Format. A Microsoft acredita ser tão poderosa que pode projetar um formato incompatível, criar obstáculos para a sua implementação por outros, e pressionar a maioria dos usuários para adotá-lo. Você acredita que os usuários são mesmo tão bobos como a Microsoft acredita?

Alguns governos ao redor do planeta (o Brasil é um deles) estão se envolvendo, entrando na linha de frente da promoção do software livre através das suas diversas instâncias. O que acha disso? 
Qualquer país, qualquer estado e qualquer município deveria assegurar que suas escolas e agências governamentais adotassem o software livre. A Venezuela e o Equador adotaram tais políticas, assim como a Extremadura, na Espanha. O governo brasileiro tem programas que promovem o software livre. O Centro de Difusão de Tecnologia do Conhecimento oferece cursos de software livre através do ensino à distância. O Guia Livre fornece conselhos para as agências públicas sobre como mudar para o software livre. No Portal do Software Público Brasileiro o governo disponibiliza programas livres úteis. E o programa Computador Para Todos encoraja a venda de computadores de baixo-custo com software livre.

Entretanto este apoio não é completo. De fato, o Ministério da Fazenda brasileiro distribui um programa para os cidadãos para o preenchimento de suas declarações de imposto de renda. Este programa é proprietário! Os cidadãos brasileiros deveriam apoiar a campanha da Free Software Foundation Latino-americana contra o “Software Impostos”, conclamando o governo a torná-lo um software livre.

O Ministério do Trabalho brasileiro acabou de assinar um pacto com a Microsoft para treinar brasileiros para usar o Windows – em outras palavras, para fortalecer o domínio da Microsoft sobre o País. Este contrato impatriótico tem que ser cancelado.

Acima de tudo, o Brasil deveria parar de usar computadores para votar. Com máquinas computadorizadas de votação, não existe meio de dizer se as pessoas que rodam o sistema alteraram o software para fraudar a eleição. O voto tem que ser feito em papel. Eu soube que o Fórum do Voto Eletrônico discute esta questão (já que não sei ler português, não pude checar por mim mesmo). Os funcionários públicos brasileiros que queiram conselhos sobre como mudar para o software livre podem escrever para admpub@fsfla.org.

Entrevista Linus Torvalds

Por Peter Moon

O finlandês tinha apenas 22 anos quando, em 1991, decidiu compartilhar com amigos e programadores o sistema operacional que havia criado: o Linux. Aquele estudante de ciência da computação da Universidade de Helsinque não imaginava a reviravolta que aquela decisão iria deslanchar no mundo da TI. Nesta entrevista exclusiva feita por e-mail, o guru da comunidade do Software Livre revela as razões que o levaram a abrir seu código-fonte, afirma que a Microsoft é irrelevante e que o futuro pertence ao Código Aberto.

Computerworld – O que pretendia quando liberou o Linux pela primeira vez ao público em 1991? Foi por dinheiro?– Certamente não foi por dinheiro, já que o copyright original era muito específico com relação a isso. Não era a GPLv2 (General Public License versão 2, a licença usada pelo sistema operacional livre GNU/Linux), mas a minha própria licença: “não custa dinheiro algum, mas você é obrigado a devolver o seu código-fonte”.

CW – Então foi por fama ou por diversão? Você imaginava a revolução que iria desencadear?- Não, jamais pensei que o Linux se tornaria tão grande e popular como é hoje, por isso também não foi pela fama. Gostaria de dizer que foi por diversão, e essa é provavelmente a definição mais próxima da verdade, mas seria mais apropriado explicar porque eu gostaria que tivesse sido por diversão. O release propriamente dito não foi algo particularmente divertido, mas o que no fundo eu estava atrás era de feedback e de comentários.

Quando liberei o Linux no outono de 91 (mais precisamente, em 17 de setembro de 1991), eu já vinha programando ao longo de uma boa parte da minha vida, e o fazia por diversão. Mas costumava ter um grande problema programando, qual seja encontrar algo que me empolgasse. Produzi alguns games, mas no fundo nunca me interessei muito em jogar games, portanto na maior parte do tempo eu estava procurando algo interessante, um projeto que fosse relevante para mim, por isso continuei programando.

É nesse ponto que aconteceu o “release público”. Eu esperava que as pessoas me contassem o que achavam que precisava de aprimoramento e o que era bom, tornando assim o projeto mais interessante para mim. Se eu não o tivesse tornado público, provavelmente teria continuado a usá-lo eu mesmo, e acabaria por procurar um novo projeto no qual trabalhar. Mas o que aconteceu foi maravilhoso. Estou trabalhando com o Linux há 16 anos e ele ainda me empolga, exatamente porque o tornei disponível ao público e pedi seu feedback.

Só a título de uma nota de rodapé: o “release público” aconteceu em parte porque era a coisa mais natural a fazer. Exatamente porque eu jamais planejei fazer um release comercial – não foi por isso que comecei a trabalhar no Linux nem é o tipo de coisa que me empolga – e porque usava programas de código-fonte aberto, era a coisa mais natural a fazer. Por tudo isso, não foi de fato uma grande decisão. Havia uns conhecidos que estavam interessados em sistemas operacionais, portanto torná-lo público era o mais óbvio a fazer.

CW – Como é que o Linux enquanto produto foi beneficiado pelo release?– Bom, muito claramente, caso não o tivesse tornado público, teria sido apenas mais um dos meus pequenos projetos, sendo usado nas minhas máquinas, mas eventualmente teria sido deixado de lado sob um argumento do tipo: “é uma projeto bacana, mas deixa eu ver o que mais posso fazer”. O Linux não teria ido a lugar algum não fosse a abertura do código-fonte.

Considero que a mudança para o GPLv2 (com relação à minha licença original) foi importante, pois os interesses comerciais que estavam em jogo eram muito importantes desde o início. Mesmo no início de 92, já existia uma pequena distribuição comercial (via hobistas) que era no fundo um serviço de cópias baratas em discos flexíveis, aonde indivíduos interessados que estavam envolvidos decidiram que seria melhor tentar espalhar a idéia ao mesmo tempo em que ganhavam um dinheirinho. O fato de que eu, em particular, não estava interessado nisso, é irrelevante.

O fato é que desde o início interesse comercial era muito importante. As distribuições comerciais foram o que atraiu um monte de ótimos instaladores, e forçou as pessoas a melhorar a usabilidade. Por isso acredito que os usuários comerciais do Linux têm sido muito importantes para aprimorar o produto. Eu sei que todo o pessoal técnico envolvido tem sido de enorme importância, mas penso que o tipo de uso comercial que se pode obter com o GPLv2 também é importante – é preciso manter um equilíbrio entre a tecnologia pura e as necessidades que os usuários trazem através do mercado.

Se tivéssemos optado apenas por uma opção mercadológica ou puramente voltada ao consumidor, acabaríamos no final com uma tecnologia que seria um lixo. Da mesma forma, acredito que algo que fosse somente desenvolvido pelo povo da tecnologia acabaria igualmente num lixo tecnológico. É preciso manter esse equilíbrio. Existe um monte de fanáticos por software livre achando que tudo se resume nos desenvolvedores, e que interesses comerciais são “do mal”. Isso é estúpido. Não se trata apenas dos desenvolvedores individuais, mas de todos os diversos interesses sendo trabalhados em conjunto. Os desenvolvedores têm seus próprios interesses e motivações (“tecnologia melhor”) e o povo do marketing e relações públicas tem outros (dinheiro), mas o melhor sistema é aquele que permite a todos estes interesses trabalharem atraindo a tecnologia para o seu lado. O que sobra no fim é equilibrado.

CW – Muitos programadores fizeram milhões com as novas tecnologias, mas você preferiu permanecer desenvolvendo o Linux. Não acha que perdeu a chance de uma vida ao não criar um sistema proprietário?– Não, de verdade. Em primeiro lugar, eu vivo muito bem. Tenho uma casa de um bom tamanho e com um belo jardim, onde de vez em quando cervos surgem para comer as rosas (minha mulher prefere as rosas, eu prefiro os cervos, mas no fundo nós não ligamos pra isso). Tenho três filhos e sei que posso bancar a educação deles. Do quê mais eu preciso?

O ponto é o seguinte: um bom programador ganha bem. Um sujeito conhecido mundialmente ganha ainda melhor. Eu simplesmente não preciso criar empresa nenhuma. Além de esta ser a coisa menos interessante que eu possa imaginar para fazer. Eu ODEIO papelada. Jamais poderia tomar conta de empregados mesmo que tentasse. Uma companhia que eu criasse jamais teria sucesso – eu simplesmente não estou interessado! Então, ao invés disso, eu tenho uma boa vida, faço algo que realmente me interessa e que ao mesmo tempo faz a diferença para as pessoas, não só pra mim. E isso me faz bem.

Portanto, acho que teria perdido a chance de uma vida se NÃO tivesse tornado o Linux largamente disponível. Se tivesse tentado torná-lo comercial, ele jamais teria se saído tão bem, nunca teria sido tão relevante, e provavelmente eu estaria estressado. Estou muito feliz com as minhas opções de vida. Eu faço o que me importa e sinto que estou fazendo a diferença.

CW – Você não temia perder a propriedade intelectual quando liberou o Linux?– Eu não pensava nesses termos (e ainda não penso). Nunca se tratou de algo ligado à “propriedade individual”, mas ao esforço que havia despendido no projeto. Mas sim, eu fiquei um pouco preocupado, pois sendo um desenvolvedor totalmente desconhecido na Finlândia, alguém talvez decidisse pura e simplesmente ignorar minha licença, usar o meu código e não fornecer de volta suas modificações. Por outro lado, o que no fundo eu tinha a perder?

Além disso, olhando para trás, francamente, não é algo com o que valha a pena se preocupar. Em primeiro lugar, mesmo que eu fosse o cara mais esperto do planeta, e compilasse algo realmente brilhante, ainda assim levaria anos para fazê-lo. Em outras palavras, levaria muito tempo antes que o resultado valesse a pena para alguém roubá-lo. Portanto ao torná-lo público desde o início, não tinha que me preocupar com pessoas ou empresas que quisessem roubar o meu trabalho. E quando o código tornou-se algo valioso, o projeto já era suficientemente conhecido de modo que ninguém poderia fraudá-lo em larga escala sem ser pego. Em larga medida foi de fato a liberdade do projeto que garantiu a sua segurança.

Se existem pessoas usando o Linux sem respeitar a licença? Claro! O copyright não é algo necessariamente honrado em todas as partes do mundo, e existe gente inescrupulosa e empresas que agem deliberadamente fora da lei. São coisas que acontecem. Mas uma vez que o projeto se torna grande o suficiente para que estas coisas aconteçam, não há mais razão para se preocupar. Aqueles que fazem mal uso do projeto não estão limitando o acesso aos outros, mas a eles mesmos! Se alguém usa o Linux sem seguir o GPLv2, está limitando o seu próprio mercado. Não pode vendê-lo legalmente no mundo desenvolvido sem se preocupar com o lado legal, e não obterá a vantagem do código livre que as empresas que seguem a licença obtêm, isto é, ter seus aprimoramentos acrescentados ao produto. Esta era uma coisa que me preocupava antes de liberar o Linux, mas ao longo dos anos me dei conta que não valia a pena dar importância a isto. Existem gente e empresas sem escrúpulos? Sim, mas não são eles que fazem importam ou fazem a diferença.

CW – Quais são os benefícios do Linux para os usuários, sem falar no fato de não terem que pagar por ele?– A maior das vantagens tem muito pouco a ver com dinheiro, e tudo a ver com a flexibilidade do produto. Esta flexibilidade deriva do fato de milhares de outros usuários terem usado o produto e terem podido externar suas opiniões e tentar aperfeiçoá-lo.

Não importa se 99.99% dos usuários do Linux jamais irão fazer uma única modificação. Se existem alguns milhões de usuários, mesmo que 0,01% deles acabem se tornando desenvolvedores, isso terá muita importância. Mas francamente, mesmo aqueles que não são desenvolvedores acabam nos ajudando ao reportar problemas, fornecendo feedback. Ainda assim, alguns deles pagam pelo produto, podendo deste modo tocar empresas que, por conseguinte, têm o incentivo de contratar profissionais que querem desenvolver, criando um ciclo virtuoso.

É por isso que o fato de não ter que pagar pelo programa é uma pequena parte do todo – significa que ele é barato e fácil de experimentar, reduzindo para distância até o envolvimento. Mas a real vantagem é como o processo leva a um melhor modelo de desenvolvimento, e como isto por sua vez resulta num produto melhor! Mas sim, isso leva muitos anos. Programar dá muito trabalho, e montar toda a infra-estrutura para criar algo útil é inimaginavelmente difícil e custoso. Mas se você distribuir o trabalho entre milhares de desenvolvedores e centenas de empresas, a coisa funciona, e nenhum indivíduo ou companhia acaba tendo que pagar a conta.

CW – O que mais importa para você, a enorme base de desenvolvedores do Linux ou sua gigantesca base de usuários?– Não os vejo como entidades separadas. Penso que qualquer programa só é bom se for útil. Sendo assim, a base de usuários é a mais importante, porque um programa sem usuários perde todo o sentido. Hardware e software são puramente ferramentas. Não importa quão tecnicamente boa seja uma ferramenta, ela não significa nada até que alguém comece a usá-la de fato.

Mas não acho que exista uma diferença entre “usuários” e “desenvolvedores”. Nós todos somos “usuários”, sendo que certo tipo de “usuário” é também uma pessoa que faz coisas, e que gosta de programar. Um código aberto permite que tipos especiais de usuários façam coisas que de outra forma não fariam! Seriam eles usuários especiais que fazem as coisas mais importantes? Num certo sentido, sim. Mas para chegar neste ponto é preciso em primeiro lugar ser um usuário interessado. Daí porque uma base de usuários grande e variada é importante, de modo a obter uma base razoável e variada de desenvolvedores!

Quero salientar a importância desta variedade. Um monte de projetos tenta se especializar numa área tanto que apenas atraem um tipo específico de usuário, e por causa disso atraem apenas um tipo específico de desenvolvedor. Sempre achei que essa fosse uma má idéia. Fazer pontaria para um nicho específico significa criar uma base de usuários muito unilateral que acaba fornecendo decisões de projeto unilaterais, tornando a base de usuários ainda mais unilateral, criando um círculo vicioso.

Acredito que esta foi uma das coisas que destacou o Linux das diversas versões comerciais do UNIX. Estes tentavam buscar “usuários reais do UNIX”, enquanto o Linux funcionava mais na base do “qualquer usuário importa – tudo bem se você só usou DOS e programou em BASIC”. O resultado final tornou o Linux muito mais redondo. É por isso que os usuários são importantes, e que os desenvolvedores talvez sejam “mais importantes”, apesar de na realidade eles formarem um fenômeno secundário.

CW – O governo brasileiro está na linha-de-frente da promoção do software livre nas suas mais diversas instâncias. Você está a par disto?– Estou, embora não siga o assunto de perto. Funciona um pouco como os fornecedores comerciais. Acho muito importante ver todos estes diversos grupos de interesse envolvidos, mas eu pessoalmente sou motivado pela tecnologia e não quero me envolver diretamente com os interesses dos diferentes grupos.

Este é mais um exemplo da importância dos usuários, e como o código aberto permite aos usuários tomar suas próprias decisões ao se envolver com o desenvolvimento. Falando estritamente, um governo é apenas um outro usuário, e que tem o seu próprio conjunto de interesses e de motivações.

CW – Você colabora na divulgação do Linux e do software livre?
– Não, realmente. Não sou um divulgador, um cara de tecnologia. No que me concerne, a beleza do código aberto está no fato de diferentes grupos poderem trabalhar nas partes que acreditam ser importantes, e isto é mais do que apenas tecnologia – trata-se de documentação, promoção, empacotamento, distribuição, ensino, etc.

Nações e governos têm as suas próprias metas e agendas, e o código aberto é um meio excelente de conseguir várias coisas: independência tecnológica (ou “co-dependência” – não se fica totalmente dependente de um único fornecedor ou de um ouro país que não seja confiável) e ter a certeza de que existe grande volume de manuais para entender a tecnologia.

Eu aprecio como o código aberto possibilita coisas assim, mas pessoalmente acabo me preocupando apenas com a tecnologia. Outros se preocupam e trabalham com os aspectos que consideram relevantes, e o resultado final (novamente) é uma infra-estrutura azeitada ao invés da visão de uma única pessoa ou empresa do que deve ser feito.

CW – O setor privado não está adotando o Linux e o software livre tão rápido quanto esperado. Por que será que tantas empresas ainda têm um pé atrás com relação ao uso do software livre?

– Na verdade eu acho que o ritmo de adoção é bastante elevado, mas o que as pessoas de vez em quando não percebem é que existe uma enorme inércia na troca de sistemas operacionais. A Microsoft possui uma grande vantagem só graças à base histórica instalada. E nos servidores maiores, ainda continuam rodando UNIX. Essas coisas não levam um ano ou dois. São necessárias uma ou duas décadas. Tenho a vantagem de ter visto o Linux se desenvolver (e ser aos poucos adotado) nos últimos 16 anos, enquanto muitos outros usuários só olharam para os últimos anos – e creia em mim, caminhamos um longo percurso nesses 16 anos. O caminho à frente ainda é longo? Lógico. Existem inúmeras questões relacionadas à tecnologia e à infra-estrutura, assim como à percepção humana, que ainda precisam ser vencidas.

CW - A Microsoft declarou recentemente que programas livres como o Linux, o OpenOffice e alguns softwares de e-mail violam 235 das suas patentes. Mas a empresa afirmou que não irá processá-los, pelo menos por enquanto... Esta é a ponta do iceberg de um novo pesadelo legal?

– Eu acho que este é mais um tiro na guerra do “FUD” (fear, uncertainty e doubt, ou medo, incerteza e dúvida, termo usado em qualquer estratégia voltada para causar insegurança nos consumidores de uma empresa com relação aos seus produtos). A Microsoft está passando por um mau bocado competindo pelo mérito tecnológico, daí tradicionalmente eles procuram concorrer no preço, mas obviamente esta estratégia também não funciona, não contra o código livre. Assim, continuam empurrando pacotes e vivendo da inércia do mercado, mas eles procuram alimentar a inércia com o FUD.


CW – Você está preparado para essa batalha? Será que e a comunidade do software livre podem vencer esta guerra contra as legiões de Bill Gates?

– Não vejo isso como uma “batalha”. Faço o que faço porque gosto e acho que vale à pena, e não estou nessa por causa de nenhuma cruzada anti-Microsoft. Usei alguns produtos da Microsoft ao longo dos anos, mas nunca nutri uma forte antipatia contra eles. A Microsoft simplesmente não me interessa. E o movimento de código aberto não é um movimento anti-Microsoft, apesar de haver certos grupos que talvez participem devido aos seus sentimentos anti-Microsoft.

O código aberto é um modelo sobre como fazer coisas, e eu acredito que este é um jeito muito melhor de fazer as coisas. O código livre vai tomar conta do mercado não por causa de nenhuma “batalha”, mas simplesmente porque jeitos melhores de fazer as coisas eventualmente tomam o lugar de métodos inferiores.

Por acaso a “ciência” é uma batalha contra a “ignorância”? Não, a ciência simplesmente é. E ela funciona tão bem que assume o lugar de velhas noções ignorantes. Não precisamos nos preocupar com gatos pretos cruzando a nossa frente, passar por baixo de escadas ou espelhos quebrados, pois hoje sabemos como o mundo funciona, e nos demos conta de que gatos pretos não são mais um sinal de perigo.

CW – Uma questão polêmica que veio ao público em 2006 foi a parceria entre a Microsoft e a Novell para a interoperabilidade entre o Windows e o Suse Linux. Logo após a parceria ser anunciada, a Red Hat declarou que não iria “vender sua alma” como a Novell. Você acha que a Novell traiu os princípios do código aberto?

– Achei toda essa discussão muito interessante, não por causa de nenhuma questão ligada à Novell versus Microsoft, mas porque as pessoas ao falar disso mostraram os seus próprios pontos-de-vista. A parceria por si só me pareceu algo sem o menor interesse, nada comparado à reação das pessoas e como tudo aquilo foi noticiado.

CW – Alguns analistas consideram estes tipos de acordos como positivos aos consumidores, além de popularizar o Linux. Isto porque os consumidores terão maior suporte dos fornecedores em termos de interoperabilidade e rodarão seus aplicativos melhor. Você concorda?

– Não sei. Não sei como tudo isso vai acabar, mas acho que seria mais saudável para todo o mundo se não houvesse esse ódio mortal de ambos os lados com relação ao acordo Novell-MS. Já disse que a Microsoft não me interessa, mas parece que certas pessoas na Microsoft estão muito preocupadas com o código livre, e certas notícias idiotas como quando Steve Ballmer rotulou o código aberto de “câncer” simplesmente não ajudam (“O Linux é um câncer que, sob um ponto de vista de propriedade intelectual, ataca tudo o que toca”, Chicago Sun-Times, junho de 2001). Prefiro me ater à tecnologia. O mercado tomará conta de si mesmo. Fornecer aos consumidores o que eles querem é o modo para se progredir, e não tentar controlá-los ou espalhar propaganda enganosa.

CW – A Free Software Foundation (FSF) liberou a versão 3 da licença pública GNU (GPLv3). O que achou dela?

– Pessoalmente considero que o GPLv2 é uma licença superior, mas cada um tem a sua própria opinião, e muitos projetos irão usar a GPLv3. De novo, não é nada de mais, temos cerca de 50 licenças diferentes de código aberto e o GPLv3 é só mais uma. Eu não uso a licença BSD, mas um monte de gente usa. Escolhe-se aquela que melhor nos convêm.

CW – É interessante notar que tecnologias abertas não-proprietárias como o Linux e a Web foram criadas na Europa, e não nos EUA, o país aonde “não existe almoço grátis”. Como você fez para se adaptar ao “American way of life”, onde você é respeitado pelo que você possui ou então pelo que representa, mas não pelo que sé. Não sente falta da Finlândia?

– Na verdade eu gosto bastante dos EUA sob diversos aspectos. Tendo uma formação européia baseada em valores sociais, e conhecendo outros lugares do mundo, posso dizer que eu absolutamente detesto as políticas insanas do governo americano nos últimos sete anos, mas essa é uma digressão. Mudar-se da Finlândia pra cá não foi um grande choque – ser pai pela primeira vez foi uma mudança muito maior, e as duas coisas ocorreram mais ou menos na mesma época (minha filha mais velha tinha apenas dez semanas quando nos mudamos).

Ambos os sistemas possuem os seus lados bons. Vir da Europa fez com que fosse muito fácil para eu perceber que começar uma empresa seria uma tolice (pelo menos é o que eu acho), quando só estava interessado na tecnologia. Os valores sociais são mais fortes na Europa. Os americanos parecem “acreditar” que são mais espirituais, e certamente aqui tem um monte de gente que vai à igreja, mas em muitos aspectos as pessoas são quase que só voltadas para o dinheiro, e uma das coisas que eu menos gosto nos EUA são as suas desigualdades sociais. Uma das razões pelas quais eu hoje moro em Portland, no Oregon, é porque acredito que os valores sociais aqui são mais próximos dos da Europa do que em qualquer outro lugar nos EUA.

Ao mesmo tempo, a Europa é um pouco séria demais. Na Finlândia, quase todos os centros de alta tecnologia giram em torno da Nokia e dos celulares. Foi muito divertido viver no Vale do Silício por sete anos e participar daquela atmosfera maluca da tecnologia, aonde não havia apenas um objetivo, mas milhares de empresas fazendo coisas totalmente diferentes e tentando ganhar dinheiro. E ocasionalmente conseguindo em grande estilo.

No comments. E compreender que a Tecnologia não é uma "coisa" na mãos dos poderosos é lindo. Ah! Se todos entendessem isto. Linus Torvalds - simplesmente Foda!

APT - Curinga

Dica legal essa que eu vou dar agora.

Instalando qualquer pacote que tenha alsa no nome

aptitude install "~nalsa"


Essa é uma dica boa e simples! Imagina que vc precisa compilar todos os pacotes de uma placa nvidia. Não precisa mais ficar dando vários searches. Só um install n.

abraços

PF para PJ - Transição complicada

Por Rogerio Jovaneli da INFO


SÃO PAULO - O PJ ganha mais, paga menos imposto, mas não recebe os benefícios de quem trabalha como CLT, tais como: FGTS, férias, 13º, entre outros.

Mesmo assim, muita gente topa o desafio. Tudo em nome da liberdade de poder fazer o seu horário e sair da rotina de funcionário com carteira assinada. Em regra, a maioria muda para PJ por se cansar da vida de empregado CLT.

Mas, afinal, será que os profissionais estão preparados para essa mudança?

Para o consultor Maurício Davino, proprietário da empresa Davino Consultoria e Treinamento, nem todos os profissionais têm a consciência do que é, na prática, trabalhar como pessoa jurídica em tecnologia.

“Trabalhar por conta própria é um desafio. No meu caso, foi muito complicado no começo. Muita gente não imagina que quando trabalhamos por conta própria, trabalhamos muito mais do que trabalharíamos na forma CLT. Chega a haver ocasiões em que não há horários específicos. Toda hora é hora de trabalho”, afirma.

“O trabalho [como PJ] deve ser encarado com seriedade e deve-se cumprir uma agenda rígida”, completa.

Já para Álvaro Eduardo Gomes, dono da Abu Framework, empresa que oferece suporte em TI (e emprega vários PJs), tudo depende do perfil profissional de cada um.

“A principal diferença esta na disposição e no plano de vida de cada um. Algumas pessoas têm mais facilidade em lidar com um ambiente mais regrado e conseguem se sentir motivadas e produtivas, trabalhando longos períodos em uma empresa. Outras se sentem mais produtivas e motivadas num ambiente menos regrado, onde possa fazer seus horários e buscar seus desafios”, analisa.

Para ele, a mudança de CLT para PJ é um desafio equivalente à mudança de emprego. “Os profissionais que desejam encarar uma ‘carreira solo’ devem estar dispostos a encarar momentos de turbulência”.

“A primeira tarefa [para quem inicia como PJ] é definir o seu trabalho. Ou seja, não saia por aí dizendo que ‘faz tudo’. Especialize-se e tenha uma rede de contatos ativa”, aconselha Gomes.

Sobre os gastos do PJ, o consultor Maurício Davino faz questão de salientar as despesas do profissional autônomo são bem diferentes daquelas como contratado com carteira. “Há diversos tributos que precisam ser recolhidos. Alguns são mensais, outros trimestrais. Mensalmente, tem o PIS/ Confis e, é claro, o ISS da prefeitura. Trimestralmente, há o imposto de renda e o CSLL. Por mês, o total de tributos soma 11% sobre o faturamento”.

“Com o tempo, percebemos a necessidade de termos o auxílio de um escritório de contabilidade. A legislação brasileira, além de muito complexa, muda todo o tempo, por isso é preciso ter um apoio consistente para não ficarmos a mercê do fisco. Outro problema que encontramos é que, atualmente, muitas empresas não aceitam notas fiscais emitidas por firmas individuais e tributadas pelo Simples”, alerta.


Quanto cobrar como PJ

Para não correr o risco de ficar no vermelho, especialistas recomendam que o PJ busque um rendimento mensal em torno de 20% e 30% a mais do que recebia como CLT. Mas o valor a ser cobrado varia muito, sobretudo para profissionais como pouca experiência que, em regra, tem menos poder de escolha, conforme explica o empregador de PJs da Abu Framework.

“O principal critério para estabelecer o valor hora para um PJ é a experiência. Já contratamos programadores pleno ganhando o mesmo que lideres de projetos e também já contratamos programadores certificados que ganhavam como estagiários. A política do mercado de trabalho para PJ é baseado em resultados”, opina.

Com vasta experiência no mercado, o consultor Maurício Davino chama atenção para um outro aspecto igualmente importante: os calotes das empresas. “Há maus pagadores no mercado”.

Segundo ele, uma forma de não entrar pelo cano é verificar a idoneidade da empresa para a qual estamos prestando serviços. “Além disso, é importante tentar formalizar as propostas de serviços, seja por meio de contrato formal ou, na falta dele, formalizando os compromissos por correio eletrônico”.

“Ao entregar a nota fiscal de prestação de serviços, procure obter o ‘aceite’ de recebimento. Isso é importante caso haja a necessidade de protesto do título em cartório”, recomenda Davino.


Qualificação

Quando o profissional migra para a pessoa jurídica, uma preocupação comum é sobre o que o mercado está pedindo, em termos de qualificação. Os PJs de primeira viagem também querem saber quais são as áreas em alta, algo muito subjetivo para o proprietário da Abu Framework.

“Dentro de TI, não há uma área mais promissora que a outra. Existe um momento mais promissor que o outro. No momento, considero a computação em nuvem, que tende a mudar o conceito de TI nas empresas e irá gerar demandas em dois ou três anos. Vale a pena conhecer e se especializar nesses serviços a longo prazo”, avalia Álvaro Gomes.

O consultor Maurício Davino, por sua vez, chama atenção para outros segmentos que, segundo ele, são bastante importantes na atualidade.

“Entre as diversas áreas que atualmente podem ser consideradas como ‘minas de ouro’, citaria as tecnologias do SharePoint – Desenvolvimento e Web Design, ERP – SAP, TOTUS, Dynamics da Microsoft e CRM. Faltam profissionais nessas áreas. Aquele que se tornar especialista, com certeza terá agenda muito cobiçada pelo mercado e não ficará parado”, indica Davino.

E quanto às famosas certificações? Afinal, quais delas são realmente importantes e merecem toda a atenção do mundo e o que é dispensável? “Um assunto bastante complicado”, define Álvaro Gomes. Ele explica que, diferentemente dos anos 80 e 90, hoje temos dezenas plataformas operacionais e centenas de soluções para um mesmo problema, e que as empresas estão mais dispostas a aceitarem as soluções alternativas.

“Muitas vezes, uma certificação pode fechar algumas portas por torná-lo tendencioso a uma única tecnologia. Por outro lado, você pode se certificar numa tecnologia para obter todo o conhecimento necessário para saber buscar as soluções alternativas”.


Inglês fluente

Não apenas em TI, mas em muitas outras profissões, dominar uma segunda língua, principalmente o inglês, pode dar um bom impulso à carreira.

Fala-se muito em inglês fluente como requisito obrigatório para toda e qualquer seleção, mas, de acordo Álvaro Gomes, há espaço para gente com tudo quanto é nível de inglês.

“Falar uma segunda língua é importante. Especificamente em TI, o inglês ajuda na utilização de ferramentas, mas, no caso das empresas brasileiras com atuação apenas no mercado nacional, não sinto que falar inglês fluente seja imprescindível. Esta regra se aplica mais em empresas multinacionais”, diz o empresário.

“Um candidato a uma vaga de emprego nunca deve deixar de participar de um processo de seleção por achar que o seu nível de inglês não é o suficiente, mas nunca deve mentir sobre ele. Seja sempre sincero com todas as oportunidades que as suas chances sempre aumentam.”

Firefox e a IBM

A IBM definiu o Firefox como seu browser padrão. É o que anunciou na quinta-feira, 01, o vice-presidente de Linux e software open source da empresa, Robert Sutor, em seu blog pessoal.

O executivo não diz qual era o browser padrão antes dessa decisão, ou mesmo se existia algum, mas seja qual for o programa utilizado por um dos mais de 400 mil funcionários, ele será encorajado a mudar para o Firefox, afirmou.

“Alguns dos programas que usamos não os deixariam surpresos já que nós mesmo que os produzimos, como o Lotus Notes, o Lotus Sametime e o Lotus Symphony. Bem, estamos adicionando mais um software na nossa lista de aplicativos padrão: o Mozilla Firefox”, enfatizou Sutor.

Entre os motivos enumerados pelo executivo para a adoção do navegador estão a compatibilidade, o funcionamento por padrões abertos, o fato de ser open source e as extensões que o tornam customizável, segundo informações do IDG Now!.

Sutor ainda destacou entre as razões da escolha o desenvolvimento por uma comunidade sem relação com corporações. Seria o argumento mais interessante, visto que o Chrome, mesmo sendo open source, pertence à Google; o Internet Explorer é controlado pela Microsoft; e o Safari é desenvolvido pela Apple; restando apenas o Opera, que está a cargo de uma empresa privada, a Opera software.

O executivo, no entanto, não deixa de esclarecer que realmente considera o Firefox mais avançado que seus rivais.

“Enquanto alguns navegadores surgem e outros deixam de existir, o Firefox continua sendo o padrão de qualidade sobre o que um navegador aberto, seguro e compatível deva ser. Sempre aparecerá um que seja mais rápido, outro com mais recursos, mas aí virá um terceiro ainda melhor, incluindo aí o próprio Firefox”, elogiou.

Eu também acho! Ponto pra IBM.

8 de julho de 2010

A complexa variável de exibição PS1

O shell é uma parte muito importante de qualquer sistema GNU/Linux. Mesmo usuários que nem sequer sabem que o usam dependem muito dele, pois há diversos utilitários gráficos baseados no simple e poderoso zenity, uma ferramenta de linha de comando capaz de criar janelas e diálogos tão úteis quanto belos e em GTK!

Ainda assim, ainda há e sempre haverá tarefas que ficam muito mais fáceis com o shell, tais como abrir todos os arquivos com um determinado componente no meio do nome, ou renomear apenas aqueles arquivos que tenham sido criados entre 4 dias atrás e ontem, retirando um prefixo de seus nomes.

É claro que existem aquelas pessoas que acreditam que o shell vai desaparecer e geralmente, são as pessoas que não o usam e acabaram de descobrir que ele existe, de forma que ainda não perceberam o poder que se esconde naquele assustador monte de caracteres feiosos. :)

Para quem já conhece o shell e se sente confortável trabalhando nele, talvez seja hora de torná-lo ainda mais útil. Vejamos neste post como tornar mais poderoso um componente sempre presente no shell: o prompt.

Se você usa uma distribuição como Ubuntu ou Fedora, seu prompt é, convenhamos, meio sem graça. Óbvio que ninguém deseja que seu prompt tenha letras piscando ou emita um som a cada vez que você pressionar ENTER, mas agregar novos recursos ao prompt pode ser uma boa ideia.


 

Configuração atual

Para começar, descubra como é definido seu prompt atual. No shell, digite:

  echo $PS1


O resultado deve ser algo como:

  \u@\h \W \$


Que exibe o seu prompt como:

  usuário@máquina ~ $


Ou seja, \u refere-se ao usuário, enquanto \h refere-se ao host. ;) Já o \W pode ser associado a "Where?" ("onde?"). Nota: provavelmente vem de "working directory", ou diretório de trabalho. Mas "where" é mnemonicamente mais fácil.

Isso é muito mais útil do que apenas um simples $ como prompt, certo?


 

Primeiros testes

Vamos começar fazendo testes sem compromisso, alterando o prompt sem registrar nada, apenas para ganharmos intimidade com a coisa. Experimente executar o comando:

 
export PS1='[\u@\h] [\W] \$'


Atenção às aspas simples!

O interessante é que o resultado já vem logo em seguida:

  [pablo@beren] [~] $



Já notou um problema incômodo? Com esse prompt, qualquer coisa escrita pelo usuário já aparece grudada no cifrão (ou "dólar", como preferir), assim:

 
[pablo@beren] [~] $cd /var/spool



Feio, não? Isso nos leva à descoberta número 1: espaços importam.

Corrija já o seu prompt:

 
[pablo@beren] [~] $export PS1='[\u@\h] [\W] \$ '



Notou o espaço após o \$ ?
Com isso, agora teremos sempre um espaço separando o $ dos comandos digitados.


 

 Outras variáveis

Nosso prompt ainda pode ser mais informativo. Suponha que você esteja trabalhando com bibliotecas, circulando entre os diretórios /usr/lib/ e /lib/. Com nosso prompt atual, veja o que acontece:


  [pablo@beren] [~] $ cd /usr/lib
  [pablo@beren] [lib] $ pwd
  /usr/lib
  [pablo@beren] [lib] $ cd /lib
  [pablo@beren] [lib] $ pwd
  /lib


Percebeu o problema? Nossa variável \W só mostra o nome do diretório mais "alto" da nossa localização. Então, se estivermos em /lib/, /usr/lib/ ou /home/pablo/dir1/dir2/dir3/lib/, o prompt será sempre:

 
[pablo@beren] [lib] $


A forma mais prática para melhorar isso é substituir aquele \W por um \w, muito mais informativo:

  [pablo@beren] [lib] $ export PS1='[\u@\h] [\w] \$ '
  [pablo@beren] [/lib] $ cd /usr/lib
  [pablo@beren] [/usr/lib] $ 


Agora, nosso \w sempre vai mostrar o caminho completo do diretório, não importa onde estejamos. E no seu home/, ele mostrará o bom e velho til:

  [pablo@beren] [/usr/lib] $ cd
  [pablo@beren] [~] $





A página de manual do Bash 4.0 (man bash ou man 1 bash) lista todas as variáveis que podem entrar no prompt (mais especificamente, na seção PROMPTING):

  \a     an ASCII bell character (07)
  \d     the date in "Weekday Month Date" format (e.g.,  "Tue  May
         26")
  \D{format}
         the  format  is  passed  to strftime(3) and the result is
         inserted into the prompt string; an empty format  results
         in a locale-specific time representation.  The braces are
         required
  \e     an ASCII escape character (033)
  \h     the hostname up to the first `.'
  \H     the hostname
  \j     the number of jobs currently managed by the shell
  \l     the basename of the shell's terminal device name
  \n     newline
  \r     carriage return
  \s     the name of the shell, the basename of  $0  (the  portion
         following the final slash)
  \t     the current time in 24-hour HH:MM:SS format
  \T     the current time in 12-hour HH:MM:SS format
  \@     the current time in 12-hour am/pm format
  \A     the current time in 24-hour HH:MM format
  \u     the username of the current user
  \v     the version of bash (e.g., 2.00)
  \V     the release of bash, version + patch level (e.g., 2.00.0)
  \w     the  current  working  directory,  with $HOME abbreviated
         with a tilde (uses the $PROMPT_DIRTRIM variable)
  \W     the basename of the current working directory, with $HOME
         abbreviated with a tilde
  \!     the history number of this command
  \#     the command number of this command
  \$     if the effective UID is 0, a #, otherwise a $
  \nnn   the character corresponding to the octal number nnn
  \\     a backslash
  \[     begin  a sequence of non-printing characters, which could
         be used to embed a terminal  control  sequence  into  the
         prompt
  \]     end a sequence of non-printing characters


Como você pode ver, é possível criar prompts que apitam (variável \a) e prompts com múltiplas linhas (\n):

  [pablo@beren] [~] $ export PS1='[\u@\h] \n[\w] \a\$ '
  [pablo@beren] 
  [~] $ 


Além disso, a variável \h pode ser substituída pro \H para exibir também o domínio onde a máquina se encontra.


 

Que horas são?

Uma variável que considero particularmente útil é a hora local. Como as minhas atividades no computador vão bem além do trabalho, alcançando sempre o terreno da diversão, é comum eu extrapolar o tempo na frente do monitor. Por isso, ter um relógio sempre presente é uma ótima ideia. Por isso, eu uso:

  [pablo@beren] [~] $ export PS1='[\t] [\u@\h] [\w] \$ '
  [17:54:38] [pablo@beren] [~] $ 
 
 


Contabilidade

Quantos comandos você já digitou neste terminal? Perdeu a conta? Se esse dado for importante para você, pode ser útil exibi-lo constantemente:

  [17:54:38] [pablo@beren] [~] $ export PS1='[\u@\h] [\w] \# \$ '
  [pablo@beren] [~] 36 $ 


Se você usa o comando history para executar novamente comandos já utilizados, pode ser interessante também mostrar o número do comando atual na lista do history com a variável \!. Note como esse número pode ser diferente do \#:

  [pablo@beren] [~] $ export PS1='[\u@\h] [\w] C:\# H:\! \$ '
  [pablo@beren] [~] C:37 H:538 $


Usei C:\# H:\! para deixar claro para o usuário que o primeiro número diz respeito aos comandos usados neste shell, enquanto que o segundo número é relativo ao histórico do Bash.


 

Agora em cores

Usar múltiplos campos no prompt é sempre uma boa ideia, e quanto mais campos, melhor, certo? Nem sempre.

Se você incluir informações demais no seu prompt do Bash, pode acabar tendo dificuldade na hora de encontrar a informação desejada devido justamente ao excesso de informações. Uma saída interessante para esse problema é usar cores em vez de delimitadores (como os colchetes [ e ] que usamos até agora).

Vejamos como incluir uma cor. Vamos colorir de azul o nome da máquina? É pra já!

  [pablo@beren] [~] C:37 H:538 $ export PS1='u@\[\033[00;34m\]\h\[\033[00m\] [\w] \$ '
  pablo@beren [~] $


Posso ouvir os gritos de desespero. Realmente, essas sequências de escape \[\033[00;34m\] e \[\033[00m\] são muito menos intuitivas do que <azul> e </azul>. Mas é justamente isso que elas fazem. Na realidade, a segunda sequência de escape, \[\033[00m\], é equivalente ao que seria um </cor>, porque "fecha" todas as definições de cor que existam à sua esquerda.

Vamos testar usando duas cores: vermelho para o nome de usuário (\u) e azul para o hostname (\h).

  pablo@beren [~] $ export PS1='\[\033[00;31m\]\u@\[\033[00;34m\]\h\[\033[00m\] [\w] \$ '
  pablo@beren [~] $ 


Interessante, não?


 

Peso e cor

No Bash, é possível manipular três aspectos do texto: peso da fonte, cor da fonte e cor do fundo. Até aqui, mexemos apenas na cor da fonte.

Você já deve ter percebido que, nas sequências de "abertura" de cor, o número logo após o ponto-e-vírgula é o que define a cor, certo? Nos exemplos acima, \[\033[00;34m\] deixou a fonte azul, enquanto \[\033[00;31m\] deixou-a vermelha. Como encontrar esses números?
A resposta está, por exemplo, nos comentários do arquivo /etc/DIR_COLORS:

  # Below are the color init strings for the basic file types. A color init
  # string consists of one or more of the following numeric codes:
  # Attribute codes:
  # 00=none 01=bold 04=underscore 05=blink 07=reverse 08=concealed
  # Text color codes:
  # 30=black 31=red 32=green 33=yellow 34=blue 35=magenta 36=cyan 37=white
  # Background color codes:
  # 40=black 41=red 42=green 43=yellow 44=blue 45=magenta 46=cyan 47=white


Esses comentários chamam o peso da fonte de "attribute", com as possibilidades "nenhum" (00), "negrito" (=cor mais forte, 01), "sublinhado" (04), "piscante" (05), "invertido" (cores invertidas, 07) e "oculto" (08).

Os atributos são definidos no primeiro campo da sequência de escape. Ou seja:
\[\033[00;34m\] resulta em azul, com peso normal, e \[\033[01;34m\] resulta em azul mais forte (negrito).

Experimente e perceba a diferença.

Fique à vontade também para experimentar os demais atributos. Mas por favor, não use nenhum outro além de 00 e 01, pelo bem da estética. :)
Em seguida, os comentários listam a cor das fontes (finalmente!):


CódigoCor
30Preto
31Vermelho
32Verde
33Amarelo
34Azul
35Magenta
36Ciano
37Branco

Experimente um pouco as novas cores e seus resultados com e sem negrito. Em específico, veja a diferença entre o amarelo com e sem negrito.

Notou que o 01;33 é amarelo de verdade, enquanto o 00;33 está mais para marrom?


Para um mapa mais completo das cores, a documentação do bash no TLDP fez uma listagem maior:

Cor normal (00)Com com negrito (01)
Preto 00;30Cinza escuro 01;30
Azul 00;34Azul claro 01;34
Verde 00;32Verde claro 01;32
Ciano 00;36Ciano claro 01;36
Vermelho 00;31Vermelho claro 01;31
Roxo 00;35Roxo claro 01;35
Marrom 00;33Amarelo 01;33
Cinza claro 00;37Branco 01;37


 

Mais atenção

Isso pode ser ainda mais útil. Sabe aquele servidor onde você entra e frequentemente se esquece de que está dentro dele? Que tal chamar muita atenção quando você estiver lá? Vejamos como fazer bom uso da cor de fundo para isso.





Lembrando o comentário no arquivo /etc/DIR_COLORS:

  # Background color codes:
  # 40=black 41=red 42=green 43=yellow 44=blue 45=magenta 46=cyan 47=white


Confira o resultado do comando:

  export PS1='\[\033[00;31m\]\u@\[\033[01;34;41m\]\h\[\033[00m\] [\w] \$ '
  pablo@beren [~] $ 


Como dizem por aí, é
Letra azul sobe fundo vermelho: aí está uma forma eficaz de chamar a atenção e evitar a execução de comandos na máquina errada.

Como você pode ver, para aplicar uma cor de fundo, basta incluir o número da cor desejada após a cor da fonte, como fizemos no trecho \[\033[01;34;41m\]\h.


 

Fim dos testes. Onde eu gravo?

Gostou das alterações? Então não feche seu terminal. Grave seu novo prompt num arquivo para usá-lo sempre.

O arquivo que define a variável PS1 depende da sua distribuição. Algumas o fazem no arquivo /etc/profile, outras em /etc/bashrc, e tem aquelas que usam o /etc/bash/bashrc, além de diversas outras variações.


 

Sem root

Se você não possui acesso de root na máquina, só lhe resta o seu arquivo particular de definições de ambiente do Bash, o ~/.bashrc. Edite-o e inclua ao final do arquivo a linha:

  export PS1='definições que você mais gostou'


 

Com root

Já se você tem acesso de root e deseja alterar a variável de todos os usuários (isto é, daqueles que não possuírem uma definição diferente em seus arquivos ~/.bashrc), vai precisar encontrar o arquivo que faz isso globalmente.

Uma forma eficaz de encontrar esse arquivo é a força bruta: usar o grep no diretório /etc/ inteiro.

 
grep --recursive PS1 /etc


No meu sistema Gentoo, trata-se do /etc/bash/bashrc.


 

Prompt diferente para o root

É sempre uma boa ideia alertar o usuário quando ele está usando a todo-poderosa conta root. No arquivo /etc/bash/bashrc do meu sistema Gentoo (em outras distribuições o arquivo pode ser outro) podemos incluir as linhas:

 
if [[ ${EUID} == 0 ]] ; then
      # Quando o usuário é ROOT:
      PS1='\[\033[00;33m\]\t \[\033[01;33;41m\]\u@\h\[\033[01;34m\] \w \$\[\033[00m\] '
  else
      # Quando o usuário é normal:
      PS1='\[\033[00;33m\]\t \[\033[01;32m\]\u@\h\[\033[01;34m\] \w \$\[\033[00m\] '
  fi


Resultado: ao usar a conta de root, o prompt deixa ainda mais chamativo o campo com os nomes do usuário e da máquina:

12:34:56 root@beren ~ $

Outra possibilidade ainda mais apelativa seria:

  if [[ ${EUID} == 0 ]] ; then
      # Quando o usuário é ROOT:
      PS1='\[\033[00;33m\]\t \[\033[01;33;41m\]ATENÇÃO:ROOT@\h\[\033[00m\]\[\033[01;34m\] \w \$\[\033[00m\] '
  else
      # Quando o usuário é normal:
      PS1='\[\033[00;33m\]\t \[\033[01;32m\]\u@\h\[\033[01;34m\] \w \$\[\033[00m\] '
  fi

Resultado do usuário root:

12:34:56 ATENÇÃO:ROOT@beren ~ $
Usuário normal:

12:34:56 pablo@beren ~ $
Note que, no primeiro prompt, foi necessário fechar as cores (\[\033[00m\]) logo após a variável \h, caso contrário o fundo vermelho se estenderia até o final do prompt.


 

Conclusão

O Bash é, além de muito prático e poderoso, altamente personalizável. Variáveis como hora local e nome completo da máquina podem acrescentar mais utilidades ao prompt do que as distribuições fazem por padrão, e o uso de cores pode ajudar a evitar desastres como comandos em máquinas erradas ou sob contas enganadas.


Se você gostou de personalizar seu prompt, talvez tenha interesse em conhecer o shell também livre ZSH, com ainda mais opções de personalização.


Outro programa interessante para esse fim é o bashish, um mecanismo para criação e aplicação de temas (sim, temas!) ao Bash, não somente ao prompt.
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